Apresentação do História e Arqueologia Bíblica

26 outubro 2015

OS GIGANTES BÍBLICOS E AS EVIDÊNCIAS DA EGIPTOLOGIA

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Papiro Anastasi I
Todos devem conhecer, ou ao menos ter ouvido, a história do jovem Davi que matou o gigante Golias. Muitos consideram-na uma boa história, mas carecedora de veracidade histórica, especialmente a afirmação categórica da Bíblia na altura de Golias, que teria cerca de 3 metros. (1Sm 7).

Contudo, outros textos narram a existência de homens igualmente gigantes, como em Deuteronômio 3:11, que fala de Og, rei de Basã. É-nos dito que ele foi o último dos refains, uma raça de gigantes. 

Ishbi-Benob (II Sm 21: 16) é outro exemplo de um gigante bíblico. Existe também a relação de povos de gigantes como os anaquins, refains e emins (Deuteronômio 2.10-11). Mas será que eles eram povos e personagens históricos ou apenas lendas e mesmo exageros dos escritores bíblicos? 

Realmente seria algo difícil de para nós hoje acreditar em tais gigantes, ainda mais por não os podermos ver atualmente. Mas a certeza dos povos antigos da existência de seres acima da estatura normal humana parece ser um senso razoavelmente comum. Gregos, sumérios, escandinavos, incas, e até mesmo os egípcios nos contam histórias sobre seres humanos de grande estatura. 

Em um documento egípcio conhecido como o Papiro de Anastasi I, atualmente guardado no Museu Britânico e datado de 1300 aC., nos é narrado em um fragmento do texto que o exército egípcio se defrontou com guerreiros de Shasu, nome pelo qual os egípcios conheciam Canaã. Mas o que chama a atenção é a menção do reportador da história, pois segundo ele, os inimigos tinham do nariz aos pés, entre 4 e 5 cúbitos. O cúbito era uma unidade utilizada pelos egípcios e consistia na distância do cotovelo até a ponta do dedo médio do faraó, que corresponde a aproximadamente 52,4 centímetros. Desta forma, os guerreiros canaanitas teriam entre 2,10 e 2,60 metros!!! 

Outro exemplo é o relevo que conta uma batalha feita por Ramses III perto de Kadesh contra os hititas. Neste relevo é visível a cena da captura de 2 espiões de Shasu (cananeus). O tamanho desproporcional dos espiões diante dos "pequenos" egípcios chama muito a atenção. Estudiosos tentam explicar a desproporção, mas não existe qualquer explicação convincente a não ser o fato que o relevo esteja retratando com veracidade a cena. A desproporção de tamanho não é novidade nas representações humanas egípcias, mas o fato de uma pessoa ser representada maior que as outras se dá no caso de alguém mais importante frente aos seus coadjuvantes de cena. Geralmente, o faraó é representado desta forma. No caso de prisioneiros de guerra, esta tendência artística egípcia não se aplicaria. Então, o autor estava retratando o que ele estava vendo tão somente. 

Isto reforça a ideia de que alguns habitantes de Canaã realmente tinham estatura de gigantes aos olhos dos povos vizinhos. 
  


Outro exemplo desta tendência egípcia de reconhecer nos habitantes cananeus uma estatura avantajada vem dos "Textos de Execração". Quando os egípcios iam para uma batalha, os seus sacerdotes eram convocados para fazerem um ritual escrevendo o nome dos povos inimigos em jarros, estátuas ou em pedaços de cerâmica. Após uma cerimônia, eles jogavam o material no chão para quebrá-los, invocando a derrota do inimigo no campo de batalha. No Museu de Berlim temos um fragmento de um destes "Textos de Execração" que contem o nome “Iy Aneq.” Os egípcios aparentemente consideravam este povo como sendo de grande estatura. Alguns pesquisadores indicam que este pode ser o mesmo povo que a Bíblia chama de Anaquins por causa da semelhança linguística entre "Iy Aneq" e a forma hebraica "Anakim"- que é considerado na Bíblia um dos povos gigantes da terra de Canaã. (Nm 13:33).

Mas se estes gigantes existiram realmente, de onde eles vieram? Para onde foram? 

Se eles existiram mesmo, então a Bíblia ao narrar histórias sobre os gigantes cananeus não estaria inventando histórias fantasiosas, fábulas? 

Bem, segundo o que parece, ao menos os egípcios acreditavam em histórias de gigantes!!!!

2 comentários:

  1. Oi Leilaldo, ótimo post e boas referências às evidências históricas. Eu tenho 1,85m, e tenho 2 amigos, que são irmãos, e ambos possuem 2,09m. E eles são como gigantes para mim. Sabemos também que as pinturas não são exatas, mas apenas referências ao que era visto ou narrado; a final não sei se os escribas e artistas estavam tbm em campo de batalha. Mas mesmo q estivessem, os desenhos não representam medidas exatas, assim como o "Cúbito" tbm não; os faraós não possuíam o mesmo tamanho sempre.
    Assim, gigantes podem ser mera referências a pessoas de grande estatura, assim como meus amigos. Diferente dos 3 metros de golias.
    A bíblia, em genisis 6, narra o aparecimento dos gigantes. Mas isso foi antes do dilúvio. Ela já não narra o aparecimento dessa segunda leva de gigantes, uma vez que todos seriam descendentes de Noé. A não ser que o dilúvio não tenha sido global.

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    1. Ola Eduardo,

      Pois é, este assunto é polêmico mesmo.. kkkk

      Como descrevi na matéria, existem outras referências a "gigantes" no mundo pós-diluviano, como os textos de Deuteronômio citados e outros casos como o rei Ogue e outros. O que estou afirmando é que existem agora evidências extra-bíblicas sobre este fenômeno narrado na Bíblia.

      No que se refere ao texto bíblico em si, a interpretação de Ge 6 é fundamental, pois alguns interpretam a palavra "gigantes" como homens de poder e força. As histórias das mitologias ao redor de todo o mundo parecem desmentir esta versão, além da própria literatura judaica. Mas enfim, não podemos afirmar com 100% de certeza sobre esta questão.

      Particularmente não vejo dificuldades para aceitar a ideia de pessoas de grande estatura, mesmo por que nos fósseis encontramos animais de envergadura muito maior do que os seus descendentes que encontramos hoje na natureza.

      Se a interpretação da expressão "filhos de Deus" em Ge 6 for uma referência a seres não-humanos, como é a interpretação judaica e dos primeiros cristãos até Agostinho, então precisamos admitir que a coabitação entre estas duas raças (humana e não-humana) foi a causa das mutações que geraram os "gigantes". Fantasioso? Bem, uma rápida olhada pelos testemunhos escritos da antiguidade nos dão conta que para aqueles povos antigos isto era algo muito natural.

      Ok, mas e a aparição de gigantes no pós-dilúvio? A Bíblia nunca menciona que o caso de Ge 6 não se repetiu. Muito pelo contrário, Ge 18-19 mostra que a interferência de não-humanos na História continuou. Na narrativa, os TODOS os homens de Sodoma não têm o menor constrangimento em chamar os seres que estavam com Ló para fora da casa e poder ter relações promíscuas com eles. Parece até que este tipo de ato era algo absolutamente banal. Não é à toa que encontramos naquela região 500 anos depois, na época de Josué, os descendentes cananeus remanescentes. Mas nem todos morreram em Sodoma? Não podemos ser assim tão simplistas. Não eram só os daquela cidade que estavam corrompidos, toda a região cananeia estava sob influência das cidades do vale. Além disto, não é acreditável que todos estavam exatamente na cidade, sem viajarem para outras partes, sendo que aquelas cidades eram cidades comerciais. Enfim....

      O dilúvio foi global, acabou com aquela geração. Mas casos de reincidência (em muito menor porte, localizados e de curta duração) são registrados mundo à fora após o dilúvio. Atualmente não temos casos (registrados) sobre tais ações interraciais, isto se não levarmos em conta as narrativas de abduções e relações que estes seres têm com as vítimas abduzidas, mas isto é outro assunto.

      Os casos de "gigantismos" hoje são totalmente diferentes do narrado na antiguidade. A estatura é muito menor (pouco mais de 2 metros) e os que são acima disto, são fisicamente debilitados e não aguentam viver muito, especialmente por causa do sistema de circulação do sangue (coração).

      Espero ter esclarecido alguns pontos...

      Abraços,

      Leialdo

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