Apresentação do História e Arqueologia Bíblica

24 dezembro 2013

VOCABULÁRIO EGÍPCIO E O LIVRO DO ÊXODO

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Muitos eruditos durante as últimas décadas renunciavam a historicidade do relato do Êxodo hebreu, confiando em uma teoria que estabelecia a redação da epopeia de Moisés para um período que estaria vinculado com o Exílio babilônico, no século VI a.C.

Segundo esta proposta, toda a narrativa não passaria de propaganda redigida por escribas para dar um senso de nação e heroísmo ao povo judeu no cativeiro. A Torah (Pentateuco), portanto, teria sido redigida em sua maior parte neste período.

Apesar de sua imensa popularidade entre os estudiosos, esta teoria tem enfrentado inúmeros problemas. Entre elas se pode relacionar, o fato de termos vocabulário egípcio entre os termos usados na história do infante Moisés.

À alguns anos, os especialistas em línguas orientais notaram que as palavras usadas em Êxodo 2.3 para descrever a expressão "arca de juncos" (ARA) ou "cesta feita de juncos" (NVI) são típicas do vocabulário egípcio. תֵּבָה֙ (tebah) seria o equivalente à palavra "dbt" (ou ainda "tbt"), que significa caixa, ataúde, sarcófago.

É importante notar que existem outras palavras em hebraico para "cesto", o que indica que o termo usado neste texto forçosamente tem influência egípcia.

A palavra usada para "junco" em hebraico é גֹּ֔מֶא (gome) e seria o equivalente em egípcio para a palavra que conhecemos como "papiro", que era feito de juncos que cresciam nas margens do rio Nilo.

Ainda podemos somar a estas palavras o próprio nome de Moisés, que em hebraico é מֹשֶׁ֔ה (Moshe). A palavra egípcia "mss" correspondente significa "filho de", "nascido de", ou ainda "feito por". Esta palavra aparece abundantemente nos nomes dos faraós da XVIII dinastia. Thuthmoses (filho de Thoth), Ahmoses (filho de Ah), Ramsés - ou Ramoses (filho de Rá) e outros ilustram esta tendência da dinastia em usar a palavra "mss" para indicar procedência ou título. Alguns eruditos chegam a afirmar que, provavelmente, o nome dado pela princesa (Êx 2.10) era composto por 2 palavras: o nome de um deus egípcio e a palavra "mss", designando a filiação divina do menino.

Contudo, quando entra para a tradição hebraica, o nome da divindade é subtraída , ficando apenas o "mss", que virou "Moisés" ou  מֹשֶׁ֔ה !

Estas evidências linguísticas, entre outras, têm levado alguns a voltarem sua interpretação sobre a origem dos relatos de Êxodo para o ambiente egípcio-palestino, forçando uma datação do texto para um período muito anterior ao Exílio babilônico.

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