Na literatura do século XIX, a avaliação histórica sobre a veracidade das narrativas patriarcais era extremamente negativa. O conteúdo religioso era visto apenas como um reflexo do sistema de fé do período em que ele foi escrito, que teria sido ou no período monárquico entre IX-VIII a.C., ou no período pós-babilônico (VI-V a.C.). Os próprios patriarcas eram considerados personagens de uma mitologia astral, com divindades canaanitas e heróis, que haviam sido emprestados do folclore pré-israelita. Quando estas percepções foram feitas pelos estudiosos, pouco ou nada se sabia a respeito da História e cultura do III e II milênios a.C.
Posteriormente, foram feitas numerosas descobertas (nas centenas de escavações na Palestina, Síria e Mesopotâmia), onde foram encontradas literalmente centena de milhares de textos, que possibilitaram
detalhar com maior precisão a História do Oriente Médio.
Isto levou William Foxwell Albright (1891-1971), um dos maiores arqueólogos do século XX, a afirmar que o quadro desenhado no livro de Gênesis é verdadeiramente histórico e não há qualquer fundamento para duvidar da precisão dos detalhes ali narrados. Este ponto de vista foi igualmente apoiado por Roland de Vaux. As narrativas patriarcais com autenticidade refletem as condições existentes no Oriente Médio no início do II milênio a.C.
Evidências da historicidade:
1. Os nomes dos patriarcas eram amplamente difundidos entre a população dos amorreus daquele período e podem ser determinados como sendo do início do período semita ocidental, ou seja, os nomes pertenciam à língua do grupo de semitas ocidentais e que existiam no II milênio a.C.. Estes nomes eram diferentes dos encontrados no I milênio a.C. Nomes parecidos com Abraão, Israel e Jacó foram descobertos em textos extra-bíblicos que datam desde Mari (XVIII a.C.) até o sarcófago do rei Ahiram (XIII a.C.). Tais nomes posteriormente não são mais encontrados até o período do ressurgimento do idioma arameu clássico (VII a.C.).
2. O período em questão (fim do II e início I milênio a.C.) mostra o crescimento da pecuária na região de Canaã. Os dados levantados neste lugar demonstram a ligação entre as comunidades agrícolas e as de nômades que frequentemente se movimentavam pelas estepes em busca de pastagens. Os conflitos entre estas comunidades eram tão frequentes como as lutas entre as cidades locais pela hegemonia política.
A julgar pelos dados bíblicos, o estilo de vida dos patriarcas reflete exatamente esta sociedade biforme. Os patriarcas armavam seus acampamentos perto das cidades e eventualmente se ocupavam com a agricultura. Os estudiosos repararam no uso de termos paralelos nos léxicos de Israel e nos textos de Mari relacionados com o tema agropecuário. Ficou totalmente claro que o estilo de vida dos patriarcas têm uma série de traços em comum com o nomadismo pecuário descrito nos textos de Mari, e que este estilo de vida corresponde integralmente com o contexto cultural do início do I milênio a.C.
3. Os diversos costumes sociais e jurídicos que são encontrados nas narrativas patriarcais podem ser comparados com os costumes existentes entre o II e I milênio a.C., o que indica que as narrativas com autenticidade refletem as antigas tradições do Oriente Médio. Isto é mostrado especialmente na questão da lei do levirato.
4. O quadro geral descrito da religião dos patriarcas é totalmente verossímil. Em particular, a imagem de um Deus único como um Deus pessoal de um patriarca, o chefe do clã ( e não como um deus de um local ou santuário, que era característico dos cananeus), que fazia um acordo unilateral e um Deus que prometia uma proteção, é tido como verdadeira. E mais, a religião dos patriarcas não é uma projeção do passado da fé mais tardia dos israelitas. Alguns traços firmemente apontam neste sentido: o uso regular, por exemplo, do nome divino "EL" no lugar de Yaweh, a completa ausência da recordação ou uso do nome Baal, a relação direta (sem intermediários) entre Deus e os patriarcas (sem intervenção do sacerdote, profeta ou de um culto) e a total ausência do nome de Jerusalém.
A apresentação destes argumentos são perfeitamente suficientes para se chegar à conclusão de que os patriarcas foram figuras históricas. Isto não significa que uma figura específica ou acontecimento das narrativas patriarcais foram encontrados em fontes extra-bíblicas. E isto nem poderá acontecer, por um simples motivo: as narrativas patriarcais são a história de um clã. Os próprios patriarcas eram os chefes de uma tribo semi-nômade, e a vida deles mal interessava àqueles que não pertenciam ao clã em questão.
* Tradução de trechos do livro "Arqueologia Bíblica" de Ratislav Sniguirev (Moscou: 2007).
Posteriormente, foram feitas numerosas descobertas (nas centenas de escavações na Palestina, Síria e Mesopotâmia), onde foram encontradas literalmente centena de milhares de textos, que possibilitaram
detalhar com maior precisão a História do Oriente Médio.
Isto levou William Foxwell Albright (1891-1971), um dos maiores arqueólogos do século XX, a afirmar que o quadro desenhado no livro de Gênesis é verdadeiramente histórico e não há qualquer fundamento para duvidar da precisão dos detalhes ali narrados. Este ponto de vista foi igualmente apoiado por Roland de Vaux. As narrativas patriarcais com autenticidade refletem as condições existentes no Oriente Médio no início do II milênio a.C.
Evidências da historicidade:
1. Os nomes dos patriarcas eram amplamente difundidos entre a população dos amorreus daquele período e podem ser determinados como sendo do início do período semita ocidental, ou seja, os nomes pertenciam à língua do grupo de semitas ocidentais e que existiam no II milênio a.C.. Estes nomes eram diferentes dos encontrados no I milênio a.C. Nomes parecidos com Abraão, Israel e Jacó foram descobertos em textos extra-bíblicos que datam desde Mari (XVIII a.C.) até o sarcófago do rei Ahiram (XIII a.C.). Tais nomes posteriormente não são mais encontrados até o período do ressurgimento do idioma arameu clássico (VII a.C.).
2. O período em questão (fim do II e início I milênio a.C.) mostra o crescimento da pecuária na região de Canaã. Os dados levantados neste lugar demonstram a ligação entre as comunidades agrícolas e as de nômades que frequentemente se movimentavam pelas estepes em busca de pastagens. Os conflitos entre estas comunidades eram tão frequentes como as lutas entre as cidades locais pela hegemonia política.
A julgar pelos dados bíblicos, o estilo de vida dos patriarcas reflete exatamente esta sociedade biforme. Os patriarcas armavam seus acampamentos perto das cidades e eventualmente se ocupavam com a agricultura. Os estudiosos repararam no uso de termos paralelos nos léxicos de Israel e nos textos de Mari relacionados com o tema agropecuário. Ficou totalmente claro que o estilo de vida dos patriarcas têm uma série de traços em comum com o nomadismo pecuário descrito nos textos de Mari, e que este estilo de vida corresponde integralmente com o contexto cultural do início do I milênio a.C.
3. Os diversos costumes sociais e jurídicos que são encontrados nas narrativas patriarcais podem ser comparados com os costumes existentes entre o II e I milênio a.C., o que indica que as narrativas com autenticidade refletem as antigas tradições do Oriente Médio. Isto é mostrado especialmente na questão da lei do levirato.
4. O quadro geral descrito da religião dos patriarcas é totalmente verossímil. Em particular, a imagem de um Deus único como um Deus pessoal de um patriarca, o chefe do clã ( e não como um deus de um local ou santuário, que era característico dos cananeus), que fazia um acordo unilateral e um Deus que prometia uma proteção, é tido como verdadeira. E mais, a religião dos patriarcas não é uma projeção do passado da fé mais tardia dos israelitas. Alguns traços firmemente apontam neste sentido: o uso regular, por exemplo, do nome divino "EL" no lugar de Yaweh, a completa ausência da recordação ou uso do nome Baal, a relação direta (sem intermediários) entre Deus e os patriarcas (sem intervenção do sacerdote, profeta ou de um culto) e a total ausência do nome de Jerusalém.
A apresentação destes argumentos são perfeitamente suficientes para se chegar à conclusão de que os patriarcas foram figuras históricas. Isto não significa que uma figura específica ou acontecimento das narrativas patriarcais foram encontrados em fontes extra-bíblicas. E isto nem poderá acontecer, por um simples motivo: as narrativas patriarcais são a história de um clã. Os próprios patriarcas eram os chefes de uma tribo semi-nômade, e a vida deles mal interessava àqueles que não pertenciam ao clã em questão.
* Tradução de trechos do livro "Arqueologia Bíblica" de Ratislav Sniguirev (Moscou: 2007).